O papel dos Green Bonds na Economia de Baixo Carbono do Brasil.
As preocupações ambientais aumentaram de forma exponencial nas últimas décadas, sobretudo a partir dos relatórios do IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change, que apontaram sérios problemas a serem enfrentados por todas as nações diante do aquecimento global. Neste contexto, surgiu um segmento altamente lucrativo, mas ainda pouco conhecido: o mercado de Green Bonds, que está atraindo um novo grupo de investidores interessados na aquisição de títulos que componham parte de suas iniciativas de investimentos verdes.
Green Bonds ou títulos verdes, conforme o GUIA PARA EMISSÃO DE TÍTULOS VERDES NO BRASIL (2016), são Títulos de Renda Fixa utilizados para captar recursos com o objetivo de implantar ou refinanciar projetos ou ativos que tenham atributos positivos do ponto de vista ambiental ou climático. Os projetos ou ativos enquadráveis para emissão destes títulos podem ser novos ou existentes e são denominados Projetos Verdes.
Potenciais emissores de Green Bonds são aqueles que detectam oportunidades de projetos com adicionalidades socioambientais em seus negócios, motivados a emitir esta modalidade de título por ganhos reputacionais. A reputação tem a ver com imagem e com confiança/credibilidade, diferencial que pode transformar-se em importante vantagem competitiva para a organização. Além disso, os Green Bonds proporcionam o acesso a uma gama maior de investidores comprometidos com investimentos responsáveis.
Segundo dados da FEBRABAN, de 2010 a 2014 foram emitidos 57,9 bilhões de dólares em Green Bonds no mercado internacional, o que sinaliza o desenvolvimento e consolidação de um mercado inovador que visa o financiamento de projetos que seguem critérios socioambientais, contribuindo para o desenvolvimento sustentável. Ainda, a Climate Bonds Initiative informou que, em setembro de 2016, havia um saldo de mais de US$ 140 bilhões em Títulos Verdes rotulados globalmente, enquanto outros US$ 576 bilhões representavam títulos não rotulados, ou seja, títulos que teriam potencial para serem verdes mas que não foram assim considerados.
O mercado de Green Bonds no Brasil está consolidando-se e, ao que aparenta, será bastante promissor. Este instrumento de capitalização do mercado financeiro pode e deve ser utilizado no contexto da economia de baixo carbono, para que nosso país possa desenvolver-se com sustentabilidade, atingindo as metas definidas para a redução das emissões dos gases do efeito estufa, primordiais no contexto do Acordo de Paris.
Geógrafa (UDESC/UFSC), Doutora em Engenharia Civil – Cadastro Técnico Multifinalitário e Gestão Territorial (UFSC), Mestre em Geografia – Análise da Qualidade Ambiental (UFSC), MBA Gerenciamento de Projetos (FGV) e MBA em Gestão de Negócios, Controladoria e Finanças Corporativas (IPOG). Possui larga experiência em elaboração e gerenciamento de projetos de Meio Ambiente, Urbanismo e Arquitetura, nos segmentos público e privado. Diretora da empresa Harpia Meio Ambiente, onde desenvolve Estudos para o Licenciamento Ambiental, Projetos e Comercialização de Crédito de Carbono e Plano de Negócios para Financiamentos Internacionais. É sócia-membro do Instituto Histórico Geográfico de Santa Catarina e possui diversas publicações, científicas e internacionais, em Gestão Territorial, Geotecnologias aplicada ao Licenciamento Ambiental e Economia de Baixo Carbono.