Agora é oficial: recessão pôs Brasil no rumo de cumprir o Acordo de Paris

Segundo os autores do estudo, a meta poderá ser cumprida com medidas simples e em sua maioria de custo zero nos setores de energia (como redução de queima de combustível, repotenciação de hidrelétricas e aumento de eficiência em algumas atividades industriais) e uso da terra (expansão de florestas plantadas).
O cálculo considera que o governo manterá todas as políticas e os programas já adotados hoje, como a fiscalização do desmatamento na Amazônia, o cumprimento do Código Florestal e a expansão da agricultura de baixa emissão de carbono. Os investimentos calculados são dinheiro novo para ações novas.
Mesmo assim, os resultados mostram o impacto brutal da recessão sobre as emissões projetadas do Brasil na próxima década. Piadas à parte, o efeito climático pode até ser positivo, mas o motivo é o pior possível, já que o Brasil ficou mais pobre.
Quando o projeto, chamado Opções de Mitigação, foi iniciado, em 2014, ele se baseou em um crescimento médio de PIB projetado de 3,2% entre 2016 e 2020 e 3,3% até 2025. A equipe do economista Eduardo Haddad, da USP, que fez as projeções, precisou voltar duas vezes à prancheta e refazer as contas. A projeção publicada no relatório, divulgado na última quarta-feira (24) pelo MCTIC, é de 0,6% ao ano até 2020 e 2,3% até 2025.
“A diferença entre o cenário tendencial de emissões e a meta do Brasil é pequena por causa da crise”, disse Raoni Rajão, pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais que coordenou o estudo no setor de uso da terra e florestas.
As emissões tendenciais consideradas pelo estudo são as “líquidas”, ou seja, tudo o que o país emite menos uma quantidade determinada de CO2 que é absorvida por florestas em áreas protegidas e que o governo considera, para fins contábeis, como “remoções antrópicas” de carbono. Isso torna o dado reportado pelo governo menor do que a emissão “bruta”, que o Observatório do Clima prefere reportar no seu sistema de estimativas de emissões, o SEEG. Pelo SEEG, as emissões brutas em 2016 foram de 2,2 bilhões de toneladas de CO2 equivalente; as líquidas, de 1,7 bilhão.
Para a meta indicativa do Brasil, de 43% de redução até 2030, os custos sobem bastante, porque a economia deverá voltar a crescer. O estudo projeta um custo de US$ 11,1 bilhões em valor presente, cujos componentes mais caros são a redução do desmatamento, a mudança no modal de transporte do carro de passeio para ônibus e metrô e a substituição de termelétricas a carvão por biomassa.
Esse custo, afirmam os autores do trabalho, poderia ser facilmente pago se o país adotasse um preço de US$ 10 por tonelada de carbono emitida. Essa precificação do carbono poderia até mesmo estimular o crescimento do PIB, caso a receita decorrente da taxa fosse usada para estimular novas indústrias e mitigar a má distribuição de renda.
PROJETOS DE CARBONO – COMO FAZER PROJETOS DE CRÉDITO DE CARBONO E CONTRIBUIR PARA ECONOMIA DE BAIXO CARBONO
Fazemos Projetos de Carbono – Dra. Gisele Victor Batista