MUDANÇAS CLIMÁTICAS – O PAPEL DA SOCIEDADE NA ERA ANTROPOCENO
1. INTRODUÇÃO
Nunca antes, a relação dos humanos com a Natureza esteve tão abalada como em nossos dias, época em que a humanidade deve escolher o seu futuro, já que as atividades humanas estão potencialmente mudando o funcionamento básico do ecossistema, alterando o equilíbrio energético do sistema climático e provocando mudanças climáticas. A vida é a exuberância planetária, um fenômeno solar. É a transmutação astronomicamente local do ar, da água e do sol terrestres em células. É um padrão intricado de crescimento e morte, pressa e recuo, transformação e decadência. É a matéria desenfreada, capaz de escolher sua própria direção para prevenir indefinidamente o momento inevitável do equilíbrio termodinâmico – a morte. Desde que os humanos passaram a viver em sociedade, organizam-se de diferentes formas para produzir a sua subsistência, retirada de uma fonte: a natureza. Nela repousam os elementos primordiais para a existência humana e de todos os seres vivos, pois ela é vida. A Terra e a humanidade, que depende da preservação de uma biosfera saudável com todos seus sistemas ecológicos, são parte indissociável deste vasto Universo em constante transformação há bilhões de anos, e o frágil equilíbrio que leva à vida emana de uma corrente de fenômenos cósmicos, processos naturais eou antropogênicos – atividades humanas, que ocasionam mudanças constantes em todos os seus componentes e sua compreensão só é realmente possível pelo estudo simultâneo dos elementos que a compõem.
2. A TERRA
A Terra é um sistema vivo que abriga milhões de organismos, incluindo os humanos, e apresenta delicado equilíbrio para manter a vida. Os cientistas conseguiram reconstruir informação detalhada sobre o passado do planeta.
O material datado mais antigo do Sistema Solar formou-se há 4,5672 ± 0.0006 bilhões de anos 1, e há cerca de 4,54 bilhões de anos (com incerteza inferior a 1%)2 a Terra e os outros planetas do Sistema Solar haviam-se formado a partir da nebulosa solar – uma massa discóide de poeiras e gás que havia sobrado da formação do Sol. Este processo de acreção da Terra ficou em grande parte completo em 10-20 milhões de anos 3. Inicialmente fundida, a camada exterior do planeta Terra arrefeceu, formando-se uma crosta sólida quando a água começou a acumular-se na atmosfera. A Lua formou-se pouco tempo depois, há 4,53 bilhões de anos 4.
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1 Bowring, S.; Housh, T.. (1995). “The Earth’s early evolution”. Science 269 (5230). DOI:10.1126/science.7667634. PMID 7667634.
2 DALRYMPLE, G.B.. The Age of the Earth. California: Stanford University Press, 1991. ISBN 0-8047-1569-6. Ver: DALRYMPLE, G.B.. The Age of the Earth. California: Stanford University Press, 1991. ISBN 0-8047-1569-6; NEWMAN, William L. (2007-07-09). Age of the Earth Publications Services, USGS. Página visitada em 2007-09-20. DALRYMPLE, G. Brent. (2001). “The age of the Earth in the twentieth century: a problem (mostly) solved”. Geological Society, London, Special Publications 190 (1): 205–221. DOI:10.1144/GSL.SP.2001.190.01.14. STASSEN, Chris (2005-09-10). The Age of the Earth TalkOrigins Archive.
3 NEWMAN, William L. (2007-07-09). Age of the Earth Publications Services, USGS.
4 Kleine, Thorsten; Palme, Herbert; Mezger, Klaus; Halliday, Alex N.. (2005-11-24). “Hf-W Chronometry of Lunar Metals and the Age and Early Differentiation of the Moon”. Science 310 (5754): 1671–1674. DOI:10.1126/science.1118842. PMID 16308422.
Inicialmente fundida, a camada exterior do planeta Terra arrefeceu, formando-se uma crosta sólida quando a água começou a acumular-se na atmosfera. Embora a Terra tenha se esfriado após um período incandescente, ela continua um planeta inquieto, mudando continuamente por meio de atividades geológicas, tais como terremotos, vulcões e glaciações.
Essas atividades são governadas por dois mecanismos térmicos: um interno e outro externo.
O mecanismo interno é governado pela energia térmica aprisionada durante a origem cataclísmica do planeta, e gerada pela radioatividade em seus níveis mais profundos. O calor interior controla os movimentos no manto e no núcleo, suprindo energia para fundir rochas, mover continentes e soerguer montanhas.
O mecanismo externo é controlado pela energia solar – calor da superfície terrestre proveniente do Sol. O calor do Sol energiza a atmosfera e os oceanos e é responsável pelo nosso clima e condições meteorológicas do tempo. Chuva, vento e gelo erodem montanhas e modelam a paisagem e, por sua vez, a forma da superfície da Terra é capaz de provocar mudanças climáticas. Todas as partes do nosso planeta e suas interações, tomadas juntas, constituem o Sistema Terra.
2.1 Sistema Climático da Terra
O sistema climático da Terra é considerado como um grande complexo sistema físico, composto por vários subsistemas – atmosfera, hidrosfera, criosfera, litosfera – entre os quais há trocas de calor, momento e de massa, sobretudo de vapor de água5. A atmosfera é de todos os componentes físicos do sistema climático aquele que evolui com maior rapidez: o tempo de resposta da baixa atmosfera a qualquer mudança de temperatura que lhe seja imposta é de cerca de um mês. A superfície dos oceanos possui um tempo de resposta mais longo (meses, anos) as interações com a atmosfera e a criosfera, enquanto o ajustamento térmico das águas mais profundas é da ordem das centenas de anos. O tempo de resposta da criosfera é muito diferente, conforme se tratar da cobertura de neve ou das grandes massas de gelo continentais. As mudanças na cobertura de neve têm, sobretudo, um estacional, o que implica uma influência acentuada no ritmo térmico de certas regiões, devido ao albedo muito elevado da neve fresca. Entretanto, as grandes massas de gelo apresentam variações significativas de volume apenas em períodos longos, da ordem de centenas, milhares ou, mesmo, milhões de anos. No que se refere à fisionomia geral dos continentes e dos fundos oceânicos apenas se modifica a escala da própria história da Terra. Mas, já não acontece assim com a biosfera, em que o período das transformações pode ir de algumas semanas (áreas cultivadas) até dezenas ou centenas de anos (florestas). Outro aspecto importante diz respeito às retroações positivas e negativas, que se exercem no interior do sistema climático. As superfícies cobertas de gelo ou de neve refletem quase toda a energia solar incidente, o que leva a um arrefecimento da superfície da Terra, logo um prosseguimento da fusão. A não consideração destes fenômenos de retroação pode influenciar grandemente os resultados dos modelos numéricos. Estudos das variações climáticas em períodos da ordem das dezenas ou das centenas de anos só poderão efetivar-se pela análise conjunta da circulação atmosférica e da circulação oceânica, à escala planetária. Os fluxos de energia assegurados pela circulação oceânica são tão importantes como os que derivam da circulação atmosférica no que concerne a definição dos contrastes térmicos e o regime dos ventos.
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5 O clima, à escala global. p 204 e 205. Os diferentes componentes do sistema climático foram definidos em The Physical Basis of Climate and Climate Modelling, GARP Publications, Series n. 16, WMO, Geneva, 1975.
Outro aspecto fundamental é o das interações entre a atmosfera e os ecossistemas terrestres, entre os quais se dão trocas de calor e vapor de água. Neste plano ganham significado as atividades humanas, pelas modificações que introduzem não só na vegetação, com reflexos importantes, por exemplo, no albedo, mas também na constituição do ar, sobretudo na concentração do dióxido de carbono – CO² e de poeiras troposféricas e estratosféricas. Não obstante, vale ressaltar a importância dos oceanos, que constituem o principal regulador da concentração de CO² na atmosfera. Além disso, como os oceanos como os oceanos representam um enorme reservatório de energia, pois absorvem a maior parte da radiação incidente, podem, por isso, protelar os efeitos térmicos do aumento da concentração de CO². As atividades e trocas de gases que ocorrem nos ecossistemas terrestres e oceânicos têm forte interação com a atmosfera e controlam a composição de gases e de partículas de aerossóis que influenciam na formação de nuvens – as quais, por sua vez, são críticas para aspectos relativos à chuva e a processos hidrológicos. Esse sistema é extremamente dinâmico, e o relacionamento dos movimentos que ocorrem na baixa atmosfera com os processos estratosféricos é essencial na questão climática. Tomando como referência relatórios do Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC), os principais determinantes do aumento das emissões de gases estufa são o aumento populacional; o desenvolvimento econômico e social; o uso crescente de energia e de tecnologia; a agricultura e os outros usos que se fazem da terra. Nosso foco será a relação dos desequilíbrios climáticos com o uso de energia em quantidades crescentes, acrescido de um alto grau de desperdício e da não priorização de sua conservação. O processo de mudanças climáticas que vivemos teve origem há séculos, desde que o desmatamento começou a ocorrer no planeta numa velocidade maior do que a capacidade de reposição natural das florestas e do que o ritmo de absorção de carbono pelas algas oceânicas. Trata-se de uma obra feita a milhões de mãos e dezenas de gerações. A culminância desse processo, para que o planeta não tivesse dúvida de que viemos para ficar, iniciou-se na Europa no século XVIII com a industrialização, que se fez graças ao uso intensivo do carvão mineral. A produção industrial surgiu na Inglaterra, depois na Alemanha, logo se espalhou por boa parte da Europa e Estados Unidos até evoluir para dezenas de países. Ao longo do século XX à queima do carvão somou-se a do petróleo. Notadamente após a Segunda Guerra Mundial, boa parte do planeta industrializou-se em diferentes níveis e, desde meados da década de 70, também o gás natural passou a integrar de forma crescente a matriz energética mundial. A industrialização criou uma nova realidade com aspectos contraditórios que caracterizam os dois últimos séculos. Tempos de avanço da ciência e da tecnologia, de melhoria das condições sanitárias e da qualidade de vida de uma parcela significativa da população do planeta, com expressivo aumento demográfico e da expectativa de vida, mas com aprofundamento da desigualdade social e forte restrição econômica às oportunidades de acesso às riquezas naturais e culturais. Tempos de aprofundamento do conhecimento sobre os mais diversos ecossistemas do planeta, mas também de utilização dos bens naturais numa escala nunca vista, em que a atmosfera foi crescentemente invadida por gases que constituíam reservas fósseis há centenas de milhares de anos, intensificando o efeito estufa e causando o aumento da temperatura média do planeta. A ciência e a tecnologia avançaram tanto no século XX que o prestígio adquirido gerou a tendência que Tiezzi (1988) chama de “esperança tecnológica”, segundo a qual os problemas gerados pelas opções tecnológicas do passado serão resolvidos pelas tecnologias do presente, e os causados por estas serão resolvidos pelas tecnologias do futuro. Infelizmente não é verdade que a ciência sempre resolveu os problemas que ela mesma criou e, mesmo que o fosse, nada garantiria que o futuro repetiria o passado.
O fato é que essa ideologia é abraçada pelo senso comum e também por dirigentes governamentais e não-governamentais por todo o mundo. E é fato também que as diferentes formas de poluição do ar, das águas e do solo invadiram todos os nossos sentidos e, a despeito dos alertas feitos desde a década de 1970, as questões ambientais até hoje foram consideradas menores pelos grandes centros de decisão. Como algo inevitável, no entanto, nos anos recentes as mudanças climáticas ganharam visibilidade, uma vez que se agravaram a ponto de colocar em risco as atividades econômicas das grandes corporações e dos principais centros de poder. Minimizar as mudanças climáticas daqui em diante passou a ser uma opção estratégica, não só porque trouxeram à luz do dia a finitude de bens naturais como a água, terras férteis, energia, biodiversidade terrestre e marinha. Mas, principalmente porque tais mudanças descredenciaram a continuidade do modo de produção vigente, que em seu processo de acumulação gerou as condições que vivemos hoje.
3. MUDANÇAS CLIMÁTICAS
O processo de mudanças climáticas que vivemos teve origem há séculos, desde que o desmatamento começou a ocorrer no planeta, numa velocidade maior do que a capacidade de reposição natural das florestas e do que o ritmo de absorção de carbono pelas algas oceânicas. Ao longo dos últimos 10.000 anos, a humanidade beneficiou de um clima extraordinariamente estável. Esta época geológica – Holoceno (Era Recente) seguiu-se à última glaciação e criou condições propícias ao desenvolvimento da civilização e expansão da espécie humana por todo o planeta. Durante o pico da última glaciação, há cerca de 20.000 anos passados, grande parte da Europa e da América do Norte, onde hoje se situam cidades como Nova Iorque, estavam cobertas por um lençol de gelo cuja espessura atingiu mais de dois mil metros. Neste período, a temperatura média do planeta seria cerca de menos cinco graus centígrados em relação à do Holoceno e o nível médio do mar era inferior em, pelo menos, cem metros em relação ao dos nossos dias.
Isto permitiu inclusive que os humanos pudessem transpor a pé a ligação entre continentes que hoje se encontram separada pelo mar. Foi o caso da passagem da Ásia para a América, pelo estreito de Bering. Esta simples referência dá-nos uma ideia de como uma aparente pequena variação da temperatura à escala global teve consequências significativas na configuração da geografia do planeta. No entanto, a variabilidade natural da temperatura diária ou anual torna difícil a percepção do problema das alterações climáticas. A temperatura média à superfície subiu apenas 0,8ºC desde meados do século 21. No entanto, foi neste intervalo de variação que a temperatura oscilou durante toda a época do Holoceno. Em apenas cerca de dois séculos, as emissões de gases com efeito de estufa poderão ter-nos já comprometido com uma subida de 2ºC na temperatura da Terra em médio prazo. A culminância desse processo, para que o planeta não tivesse dúvida de que viemos para ficar, iniciou-se na Europa no século 18 com a industrialização, que se fez graças ao uso intensivo do carvão mineral. A produção industrial surgiu na Inglaterra, depois na Alemanha, logo se espalhou por boa parte da Europa e Estados Unidos até evoluir para dezenas de países. Ao longo do século 20 à queima do carvão somou-se a do petróleo. Notadamente após a Segunda Guerra Mundial, boa parte do planeta industrializou-se em diferentes níveis e, desde meados da década de 1970, também o gás natural passou a integrar de forma crescente a matriz energética mundial. A industrialização criou uma nova realidade com aspectos contraditórios que caracterizam os dois últimos séculos.
Tempos de avanço da ciência e da tecnologia, de melhoria das condições sanitárias e da qualidade de vida de uma parcela significativa da população do planeta, com expressivo aumento demográfico e da expectativa de vida, mas com aprofundamento da desigualdade social e forte restrição econômica às oportunidades de acesso às riquezas naturais e culturais.
Tempos de aprofundamento do conhecimento sobre os mais diversos ecossistemas do planeta, mas também de utilização dos bens naturais numa escala nunca vista, em que a atmosfera foi crescentemente invadida por gases que constituíam reservas fósseis há centenas de milhares de anos, intensificando o efeito estufa e causando o aumento da temperatura média do planeta. Diante desta situação, tem sido comum a ocorrência de eventos climáticos extremos, cujas consequências têm sido as mais diversas, indo deste os prejuízos econômicos, passando pelas perdas de vida decorrentes de inundações, furacões, ondas de frio ou de calor. Diante do contexto ambiental observado em nosso planeta, vem sendo engendrado no clima manifestações de alguns eventos climáticos extremos. A dimensão dos impactos da atividade humana sobre a biosfera é mais bem traduzida pelo conceito de Antropoceno. Na realidade, as alterações climáticas são apenas uma manifestação, embora crucial, porque são simultaneamente consequência e acelerador de outras transformações, de uma mudança mais vasta que está a transformar o nosso planeta.
3.1 Era Industrial
Os impactos humanos sobre o clima criaram a Era Antropogênica 6. Aquecimento global é o processo de aumento da temperatura média dos oceanos e do ar perto da superfície da Terra que ocorre desde meados do século 19 e que deverá continuar no século 21, causado pelas emissões humanas de gases do efeito estufa – GEE, e amplificado por respostas naturais a esta perturbação inicial, em efeitos que se autorreforçam em realimentação positiva7. A Terra, em sua longa história, já sofreu muitas mudanças climáticas globais de grande amplitude. Isso é demonstrado por uma série de evidências físicas e por reconstruções teóricas. Já houve épocas em que o clima era muito mais quente do que o de hoje, com vários graus centígrados acima da média atual, tão quente que em certos períodos o planeta deve ter ficado completamente livre de gelo. Entretanto, isso aconteceu há milhões de anos, e suas causas foram naturais. Também ocorreram vários ciclos de resfriamento importante, conduzindo às glaciações, igualmente por causas naturais. Entre essas causas, tanto para aquecimentos como para resfriamentos, podem ser citadas mudanças na atividade vulcânica, na circulação marítima, na atividade solar, no posicionamento dos polos e na órbita planetária. A mudança significativa mais recente foi a última glaciação, que terminou em torno de 11 mil anos atrás, e projeta-se que outra não aconteça antes de 30 mil anos8. Este último período pós-glacial, chamado Holoceno, também sofreu várias mudanças notáveis e às vezes abruptas, mas as evidências levam a crer que foram localizadas, e acredita-se que a temperatura média global tenha permanecido relativamente estável durante os 1.000 anos que antecederam 1850, com flutuações regionais, como o período de calor medieval ou a pequena idade do gelo, que são melhor explicadas por causas naturais.
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6 Crutzen, Paul J. – Prêmio Nobel de Química em 1995.
7Myneni, Ranga. “Amplified Greenhouse Effect Shaping North into South”. EurekAlert,, 10/03/201. Hansen, Kathryn. “Amplified Greenhouse Effect Shifts North’s Growing Seasons”. NASA Headquarters Press Release, 10/03/2013.
8 IPCC (2007a), pp. 449–454
Muitas dessas mudanças, especificamente os períodos de aquecimento, são em alguns aspectos comparáveis e até mais intensas do que as que hoje se verificam, mas em outros aspectos o aquecimento contemporâneo é distinto, e, se as projeções de aumento de cerca de 5°C até 2100 se confirmarem, será uma alteração inédita nos últimos 50 milhões de anos da história do planeta, em particular no que diz respeito à velocidade do aquecimento9. A temperatura global aumentou em média 0,78°C quando comparada às médias dos períodos 1850–1900 e 2003–2012, com uma faixa de variação de 0,72 a 0,85ºC10. Esse aumento não pode ser explicado satisfatoriamente sem levarmos em conta a influência humana11. A elevação na temperatura não foi, porém, linear, com várias oscilações para mais e para menos. Variações desse tipo são naturais e esperadas, mas a tendência geral é claramente ascendente, e isso as observações têm provado. De fato, há fortes evidência indicando que o aquecimento antrópico tem sido tão importante que reverteu uma tendência natural dos últimos 5 mil anos de resfriamento do planeta12. Não só os gases estufa vêm aumentando. O aumento das concentrações de aerossóis atmosféricos, que bloqueiam parte da radiação solar antes que esta atinja a superfície da Terra e tendem a provocar o resfriamento, também retardou em parte o processo de aquecimento global13. Desde 1979, as temperaturas em terra aumentaram quase duas vezes mais rápido que as temperaturas no oceano (0,25°C por década contra 0,13°C por década). As temperaturas na troposfera mais baixa aumentaram entre 0,12 e 0,22°C por década desde 1979, de acordo com medições de temperatura via satélite14. Emissões antrópicas de outros poluentes – em especial aerossóis de sulfato – podem gerar um efeito refrigerativo através do aumento do reflexo da luz incidente. Isso explica em parte o resfriamento observado no meio do século 20, apesar de que o resfriamento pode ter sido em parte devido à variabilidade natural. O paleoclimatologista William Ruddiman argumentou que a influência humana no clima global iniciou-se por volta de 8.000 anos atrás, com o início do desmatamento florestal para o plantio e 5.000 anos atrás com o início da irrigação de arroz asiática. A interpretação que Ruddiman deu ao registro histórico com respeito aos dados de metano tem sido disputado. Segundo o Quinto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – IPCC, elaborado sob os auspícios da Organização Meteorológica Mundial – OMM e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA, e que representa a síntese científica mais ampla, atualizada e confiável sobre o assunto, a mudança na temperatura da superfície terrestre vem ocorrendo com certeza no último século, com um aumento médio de 0,78°C quando comparadas as médias dos períodos 1850–1900 e 2003–2012. A média teve uma variação de 0,72 a 0,85ºC. Cada uma das tês últimas décadas bateu o recorde anterior de ser a mais quente desde o início dos registros.
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9 IPCC (2007a), pp. 244; 460–469
10 IPCC. Climate Change 2013: The Physical Science Basis: Technical Summary. Contribution of Working Group I (WGI) to the Fifth Assessment Report (AR5) of the Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), 2013
11 IPCC (2007a), pp. 244; 466–478
12 IPCC. Climate Change 2013: The Physical Science Basis: Technical Summary. Contribution of Working Group I (WGI) to the Fifth Assessment Report (AR5) of the Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), 2013
13 United States National Academy of Sciences. “Understanding and Responding to Climate Change”, 2008.
14 b IPCC (2007a), p. 665
É virtualmente garantido que os extremos de temperatura têm aumentado globalmente desde 1950, e que desde 1970 a Terra acumulou mais energia do que perdeu15. A maior parte do aumento de temperatura se deve a concentrações crescentes de gases do efeito estufa, emitidos por atividades humanas como a queima de combustíveis fósseis, o uso de fertilizantes e o desmatamento. Esses gases atuam obstruindo a dissipação do calor terrestre no espaço16. Por várias questões práticas, os modelos climáticos referenciados pelo IPCC normalmente limitam suas projeções até o ano de 2100, são análises globais e por isso não oferecem grande definição de detalhes. Embora isso gere mais incerteza para previsão das manifestações regionais e locais do fenômeno, as tendências globais já foram bem estabelecidas e têm se provado confiáveis. Os modelos usam para seus cálculos diferentes possibilidades (cenários) de evolução futura das emissões de gases estufa pela humanidade, de acordo com tendências de consumo, produção, crescimento populacional, aproveitamento de recursos naturais, etc, cenários que são todos igualmente plausíveis, mas não se pode ainda determinar qual deles se materializará, pois muitas coisas podem mudar no caminho. As probabilidades estimadas com razoável segurança atualmente indicam que as temperaturas globais subirão entre 1,1°C e 6,4°C até aquela data, uma faixa de variação que depende do cenário selecionado e da sensibilidade dos modelos utilizados nas simulações. Em geral espera-se uma elevação em torno de 4°C até o fim do século. Projeções mais além são mais especulativas, mas não é impossível que o aquecimento progrida ainda mais, desencadeando efeitos devastadores17. O aumento nas temperaturas globais e a nova composição da atmosfera desencadeiam várias alterações decisivas nos sistemas da Terra. Afetam os mares, provocando a elevação do seu nível e mudanças nas correntes marinhas e na composição química da água, verificando-se acidificação, dessalinização e desoxigenação. Prevê-se uma importante alteração em todos os ecossistemas marinhos, com impactos na sociedade humana em larga escala18. Afetam irregularmente o regime de chuvas, produzindo enchentes e secas mais graves e frequentes; tendem a aumentar a frequência e a intensidade de ciclones tropicais e outros eventos meteorológicos extremos como as ondas de calor e de frio; devem provocar a extinção de grande número de espécies e desestruturar ecossistemas em larga escala, e gerar por consequência problemas sérios para a produção de alimentos, o suprimento de água e a produção de bens diversos para a humanidade, benefícios que dependem da estabilidade do clima e da riqueza dos ecossistemas 19.
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15 IPCC. Climate Change 2013: The Physical Science Basis: Technical Summary. Contribution of Working Group I (WGI) to the Fifth Assessment Report (AR5) of the Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), 2013.
16 United States National Academy of Sciences. “Understanding and Responding to Climate Change”, 2008.
17 IPCC (2007b) [Core Writing Team, Pachauri, R.K and Reisinger, A. (eds.)]. Climate Change 2007: Synthesis Report. Contribution of Working Groups I, II and III to the Fourth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change, 2007 . Betts, Richard A. et al. “When could global warming reach 4°C?” In: Phil. Trans. R. Soc. A, 2011; 369 (1934):67-84.
18 IPCC (2007b) [Core Writing Team, Pachauri, R.K and Reisinger, A. (eds.)]. Climate Change 2007: Synthesis Report. Contribution of Working Groups I, II and III to the Fourth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change, 2007. Betts, Richard A. et al. “When could global warming reach 4°C?” In: Phil. Trans. R. Soc. A, 2011; 369 (1934):67-84
19 IPCC (2007b) [Core Writing Team, Pachauri, R.K and Reisinger, A. (eds.)]. Climate Change 2007: Synthesis Report. Contribution of Working Groups I, II and III to the Fourth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change, 2007. Barnosky, Anthony et al. Scientific Consensus on Maintaining Humanity’s Life Support Systems in the 21st Century: Information for Policy Makers. Millenium Alliance for Humanity and the Biosfere, 2013
O aquecimento e as suas consequências serão diferentes de região para região, mas a natureza destas variações regionais ainda é difícil de determinar de maneira exata, mas sabe-se que nenhuma região do mundo será poupada de mudanças, e muitas serão penalizadas pesadamente, especialmente as mais pobres. O Ártico é a região que está aquecendo mais rápido, verificando-se progressivo derretimento do permafrost e do gelo marinho, temperaturas recorde, secas mais intensas e profunda modificação em seus biomas, com desaparecimento de espécies nativas e invasões em massa por espécies exóticas. Gelos de montanha em todo o planeta estão também em recuo acelerado, modificando seus respectivos ecossistemas e reduzindo a disponibilidade de água potável20. Mesmo que as concentrações de gases estufa cessem imediatamente, certas reações já foram desencadeadas e seus efeitos não podem mais ser evitados, de forma que, se já existem muitos problemas, inevitavelmente eles vão piorar em alguma medida por um efeito cumulativo retardado. É evidente que a mudança para um modelo econômico de baixa emissão não acontecerá de imediato, por isso a sociedade deve preparar-se para enfrentar em breve dificuldades maiores do que as que vive hoje. Ao mesmo tempo, isso diz que as mudanças devem se acelerar o quanto antes para que dificuldades ainda mais dramáticas não se concretizem, o que lançaria um pesado fardo para as futuras gerações, provavelmente impossível de ser suportado, que levaria ao colapso da civilização 21. Apesar de a maioria dos estudos ter seu foco até 2100, já se sabe também que o aquecimento e suas consequências deverão continuar por séculos adiante, e algumas consequências, graves, serão irreversíveis dentro dos horizontes da atual civilização 22. Os governos do mundo em geral trabalham hoje para evitar uma elevação da temperatura média acima de 2ºC, considerada o máximo tolerável antes de se produzirem efeitos globais em escala catastrófica 23. Num cenário de elevação de 3,5°C a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais – IUCN prevê a extinção provável de até 70% de todas as espécies hoje existentes 24.
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20 IPCC (2007b) [Core Writing Team, Pachauri, R.K and Reisinger, A. (eds.)]. Climate Change 2007: Synthesis Report. Contribution of Working Groups I, II and III to the Fourth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change, 2007. Barnosky, Anthony et al. Scientific Consensus on Maintaining Humanity’s Life Support Systems in the 21st Century: Information for Policy Makers. Millenium Alliance for Humanity and the Biosfere, 2013. Myneni, Ranga. “Amplified Greenhouse Effect Shaping North into South”. EurekAlert, 10/03/2013.
21 IPCC (2007b) [Core Writing Team, Pachauri, R.K and Reisinger, A. (eds.)]. Climate Change 2007: Synthesis Report. Contribution of Working Groups I, II and III to the Fourth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change, 2007. The Royal Society. [Raven, John, et al.]. Ocean acidification due to increasing atmospheric carbon dioxide. Policy document 12/05, Junho de 2005. Steiner, Achim. “Mensagem do Diretor Executivo do PNUMA”. In: Secretariado da Convenção sobre Diversidade Biológica. Panorama da Biodiversidade Global 3, 2010, p. 6. Ki-Monn, Ban. “Prefácio do Secretário Geral das Nações Unidas”. In: Secretariado da Convenção sobre Diversidade Biológica. Panorama da Biodiversidade Global 3, 2010, p. 5. Betts, Richard A. et al. “When could global warming reach 4°C?” In: Phil. Trans. R. Soc. A, 2011; 369 (1934):67-84 Myneni, Ranga. “Amplified Greenhouse Effect Shaping North into South”. EurekAlert, 10/03/201.
22 IPCC (2007b) [Core Writing Team, Pachauri, R.K and Reisinger, A. (eds.)]. Climate Change 2007: Synthesis Report. Contribution of Working Groups I, II and III to the Fourth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change, 2007. The Royal Society. [Raven, John, et al.]. Ocean acidification due to increasing atmospheric carbon dioxide. Policy document 12/05, Junho de 2005.
23 Betts, Richard A. et al. “When could global warming reach 4°C?” In: Phil. Trans. R. Soc. A, 2011; 369 (1934):67-84. Meinshausen, Malte et al. “Greenhouse-gas emission targets for limiting global warming to 2ºC”. In: Nature, 2009; 458 (30):doi:10.1038
24 IUCN. What Kind of World Do We Want? Video, cit. em 2:23min. Shah, Anup. “Loss of Biodiversity and Extinctions”. Global Issues, 03/05/2013.
Se a elevação chegar ao extremo de 6,4°C, que não está descartada, e de fato a cada dia parece se tornar mais plausível, pode-se prever sem dúvidas mudanças ambientais em todo o planeta em escala tal que comprometerão irremediavelmente a sobrevivência da civilização como hoje a conhecemos, bem como da maior parte de toda a vida na Terra25. Com um modelo de vida predatório e imprevidente, a sociedade já está esgotando mais de 60% das riquezas naturais da Terra, produzindo taxas de emissão de gases estufa em elevação contínua. Considerando que a população mundial está em crescimento rápido, devendo chegar a 9 bilhões de pessoas em 2050, e que lá suas necessidades de recursos naturais serão muito maiores do que as atuais, entende-se assim por quê, se a geração presente não fizer nada para mudar as tendências em vigor de seu modo de vida, deixará de herança um planeta à beira da exaustão e com um clima profundamente perturbado, tornando a sobrevivência das gerações futuras necessariamente muito mais difícil. Neste sentido, esperam-se importantes desafios sociais se agravando em larga escala, como a fome, a pobreza e a violência26. Muitas pesquisas mais recentes trouxeram novas evidências de que as projeções do IPCC por mais preocupantes que já sejam, foram conservadoras, e que as medidas preventivas e mitigadoras adotadas pela sociedade estão acontecendo num ritmo lento demais e são pouco ambiciosas, aumentando, portanto, a probabilidade de que o resultado da inação seja desastroso num futuro próximo27. Embora a imprensa ainda alimente muitas controvérsias, frequentemente mal informadas, tendenciosas ou distorcidas, e haja grande pressão política e econômica para se negar ou minimizar as fortes evidências já reunidas28, o consenso científico é de que o aquecimento global está a acontecer
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25 IPCC (2007b) [Core Writing Team, Pachauri, R.K and Reisinger, A. (eds.)]. Climate Change 2007: Synthesis Report. Contribution of Working Groups I, II and III to the Fourth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change, 2007. Betts, Richard A. et al. “When could global warming reach 4°C?” In: Phil. Trans. R. Soc. A, 2011; 369 (1934):67-84
26 Steiner, Achim. “Mensagem do Diretor Executivo do PNUMA”. In: Secretariado da Convenção sobre Diversidade Biológica. Panorama da Biodiversidade Global 3, 2010, p. 6. Ki-Monn, Ban. “Prefácio do Secretário Geral das Nações Unidas”. In: Secretariado da Convenção sobre Diversidade Biológica. Panorama da Biodiversidade Global 3, 2010, p. 5. Nellemann, C. et alii (Eds). “The environmental food crisis – The environment’s role in averting future food crises”. UNEP Rapid Response Assessment Series. United Nations Environment Programme, GRID-Arendal
27 Rignot, E. et alii. “Acceleration of the contribution of the Greenland and Antarctic ice sheets to sea level rise”. In: Geophysical Research Letters, mar/2011; 38(5) Ki-Monn, Ban. “Prefácio do Secretário Geral das Nações Unidas”. In: Secretariado da Convenção sobre Diversidade Biológica. Panorama da Biodiversidade Global 3, 2010, p. 5 Morss, Elliott. “Global Warming Is Here, Getting Worse – What Should We Do?”. Global Economic Intersection, 07/09/2012. Pierce, Charles P.”Further Evidence That Global Warming Is Getting Worse: Pollution, Disease & Planetary Food Riots Are Coming!”. Esquire, 26/12/2012. Romm, Joe. “Stunning new sea level rise research, Part 1: Most likely 0.8 to 2.0 meters by 2100”. Climate Progress, 05/09/2008. Romm, Joe. “Sea levels may rise 3 times faster than IPCC estimated, could hit 6 feet by 2100”. Climate Progress, 09/12/2009. IPCC Working Group III. Activities. Fifth Assessment Report. IPCC [Edenhofer, O. et al. (eds.)]. Workshop Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change Workshop on Socio-Economic Scenarios. Technical Support Unit, Potsdam Institute for Climate Impact Research, 2012. Barnosky, Anthony et al. Scientific Consensus on Maintaining Humanity’s Life Support Systems in the 21st Century: Information for Policy Makers. Millenium Alliance for Humanity and the Biosfere, 2013
28 Cooper, Caren B. “Media literacy as a key strategy toward improving public acceptance of climate change science”. Resumo. In: BioScience, 2011; 61(03):231-237. Boykoff, Maxwell T. & Boykoff, Jules M. “Balance as Bias: global warming and the U.S. prestige press”. In: Global Environmental Change, 2004; 14:125–136. Adam, David. “Amazon could shrink by 85% due to climate change, scientists say”. The Guardian, 11/03/2009. Begley, Sharon. “The Truth About Denial”. Newsweek Magazine, 13/08/2007. Sandell, Clayton. “Report: Big Money Confusing Public on Global Warming”. ABC News, 03/01/2007. “US climate scientists pressured on climate change”. NewScientist, 31/01/2007 Oreskes, Naomi. “Beyond the Ivory Tower: The Scientific Consensus on Climate Change”. In: Science, dez/2004; 306(5702):1686
inequivocamente, e precisa ser contido com medidas vigorosas sem nenhuma demora, pois os riscos da inação, sob todos os ângulos, são altos demais29. Neste sentido é a Declaração do Presidente do IPCC em Genebra, Suíça, por ocasião da abertura da Cúpula do Clima.
Declaração Rajendra K. Pachauri Presidente do IPCC, para a Cerimônia de Abertura da Cúpula do Clima da ONU – 23 de setembro de 2014
Bom dia. Saúdo Sua Excelência o Secretário-Geral da organização deste evento marcante. Tenho o privilégio de estar aqui para apresentar um resumo do Quinto Relatório de Avaliação do IPCC. O relatório, compilado por centenas de cientistas, é a avaliação mais abrangente do clima mudar já realizada. Três mensagens-chave surgiram a partir do relatório: Um – A influência humana sobre o sistema climático é clara – e em franco crescimento; Dois – Temos de agir rápida e decisivamente, se queremos evitar resultados cada vez mais destrutivos; Três – Nós temos os meios para limitar as mudanças climáticas e construir um futuro melhor. Permitam-me abordar cada um desses pontos. Nós temos provas abundantes de que estamos mudando nosso clima. A atmosfera e os oceanos têm aquecido, a quantidade de neve e gelo tem diminuído, e mar nível aumentou. Cada uma das três últimas décadas tem sido sucessivamente mais quente na superfície da Terra do que qualquer precedente, desde a década de 1850. Gases de efeito estufa na nossa atmosfera aumentaram para níveis sem precedentes no passado em 800.000 anos. Nossa hora de agir está se esgotando. Se quisermos que a chance de limitar o aumento global da temperatura para 2°C, as emissões devem atingir o pico em 2020. Se continuarmos os negócios como de costume, a nossa oportunidade de permanecer abaixo do limite de 2°C vai escapar bem antes de meados do século. Mais ainda, quanto mais esperarmos, maior o risco de impactos graves, generalizadas e irreversíveis. – Alimentos e escassez de água – O aumento da pobreza – Migrações que poderiam aumentar o risco de conflito violento forçado – Secas e inundações extremas. – O colapso das camadas de gelo que inundam nossas cidades costeiras. E um aumento constante no nosso número de mortes, especialmente entre os mais pobres do mundo. Como a Terra é que podemos deixar para nossos filhos um mundo como este? Eu não tenho certeza que eu poderia estar diante de vocês, se as ameaças das mudanças climáticas não tivessem soluções. Mas eles fazem. Nós já temos os meios para construir um mundo melhor e mais sustentável. As soluções são muitas e permitem a continuação do desenvolvimento econômico. Enquanto algumas tecnologias precisam de desenvolvimento adicional, muitos já estão disponíveis. A energia renovável é uma opção real. Metade de nova capacidade de geração de energia elétrica do mundo em 2012 veio de fontes renováveis. Temos também grandes oportunidades para melhorar a eficiência energética. E nós podemos reduzir ainda mais as emissões por parar o desmatamento. Somos informados de que a limitação das alterações climáticas vai ser muito caro. Não vai. Mas espere até chegar a projeto de lei para a inação. Existem custos de agir – mas não são nada em comparação com o custo de inação. Tudo se resume a uma questão de escolha. Podemos continuar nosso caminho existente e enfrentar diretas consequências. Ou podemos ouvir a voz da ciência, e determinação para agir antes que seja tarde demais. Essa é a nossa escolha. Obrigado pela atenção. Para mais informações, entre em contato: IPCC Press Office, e-mail: IPCC-media@wmo.int Jonathan Lynn, em Nova York, + 41 79 666 7134.
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29 IPCC (2007b) [Core Writing Team, Pachauri, R.K and Reisinger, A. (eds.)]. Climate Change 2007: Synthesis Report. Contribution of Working Groups I, II and III to the Fourth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change, 2007. The Royal Society. [Raven, John, et al.]. Ocean acidification due to increasing atmospheric carbon dioxide. Policy document 12/05, Junho de 2005.
Oreskes, Naomi. “Beyond the Ivory Tower: The Scientific Consensus on Climate Change”. In: Science, dez/2004; 306(5702):1686 “Joint Science Academies’ Statement: Global response to climate change”. The National Academies, 07/06/2005
The National Academies. “Understanding and Responding to Climate Change”. Highlights of National Academies Reports, 2008 Barnosky, Anthony et al. Scientific Consensus on Maintaining Humanity’s Life Support Systems in the 21st Century: Information for Policy Makers. Millenium Alliance for Humanity and the Biosfere, 2013
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